Enterro do Entrudo no bairro Santos Nicolau

Edição de 19-02-2010
Jornal O Setubalense
Enterro do Entrudo no bairro Santos Nicolau


“Piriquito” Bacalhau viajou embalsamado no caixão
Prantos, histerismo e desmaios marcaram o Enterro do Bacalhau, brincadeira carnavalesca que percorreu, na noite de anteontem, uma dezena de ruas do bairro Santos Nicolau. Centenas de pessoas integraram este hilariante cortejo fúnebre.
Precisamente no dia em que completou 45 anos de vida, “Piriquito” Bacalhau foi a "enterrar", na noite de quarta-feira de cinzas. E levou um lindo funeral, com centenas de pessoas a integrarem o cortejo fúnebre que, durante meia hora, percorreu as principais artérias do bairro Santos Nicolau.
Inconsoláveis, as quatro viúvas seguiram na peugada do caixão, a sério (cedido pela agência funerária Costa), em cima da quase centenária carreta (datada de 1922), propriedade da Associação de Socorros Mútuos Setubalense. Na frente do caixão, os tambores anunciavam a milhas o cortejo, seguidos pelo padre, notário e freiras.
Ao longo do percurso, os prantos e histerias foram mais que muitos. Quase a ponto de fazer levantar as sepulturas do cemitério da Piedade, não muito distante. Quem se levantou mesmo dos sofás para ir à janela de casa, foram muitas dezenas de pessoas, à passagem do hilariante, ruidoso e peculiar cortejo fúnebre, que teve um defunto escolhido à medida.
Em boa verdade, o aniversariante “Piriquito” Bacalhau cumpriu na perfeição o seu papel de protagonista da festa: um embalsamado morto. Segundo se percebeu, poderá mesmo só ter acordado quando, a meio do percurso e da histeria, a mais atrevida das viúvas (Jujú), lhe saltou para cima, que é como diz, para cima do caixão, e escancarou-lhe as partes baixas na cara, pedindo carícias…
No regresso do cortejo á sede de «Os Amarelos», e já com a urna colocada no centro do palco montado no mini-parque infantil, coube ao “padre” Vítor rezar por alma do falso defunto. Depois, coube ao notário Bruno Frazão ler o testamento deixado pelo “Piriquito” Bacalhau às viúvas, filhos e amantes.
TESTAMENTO No âmbito da política nacional, o defunto deixou uma herança ao Sótraques: “Guardei-lhes as cuecas de fio dental da minha sogra Ferreira, que já deu leite, mais as peúgas fedorentas do Paulinho Portas.”
Na política local, o bom do “Piriquito” Bacalhau não se esqueceu da presidente da Câmara, entidade, aliás, que não se fez representar nesta iniciativa popular. Diz o testamento: “À Das Dores que aqui tem futuro deixo-lhe uma caixinha de benouron para as noites de dor intensa, mais uns frasquinhos de Eno efervescente para distribuir às azias constantes daquelas oposições protestantes.”
E ainda a política local, no testamento: “À irmã Teresinha, que não aguentou a pressão do convento da Madre Dores Meira, deixo-lhe um presentinho pois então. Uma viagem ao mundo encantado da imaginação para realizar as suas ideias virtuais e, aí sim, pensar se ainda há paixão.”
RESISTENTES Esta tradição carnavalesca culmina quatro dias de folia, e voltou a ser organizada pelo Grupo Desportivo “Os Amarelos”. No extremo poente da cidade, também o Grupo Desportivo da Fonte Nova continua a perpetuar esta antiga tradição, tendo igualmente realizado, à mesma hora, o Enterro do Entrudo pelas ruas do centro da Anunciada. São estas duas colectividades que fazem resistir a tradição.
O Enterro do Bacalhau no bairro Santos terminou com música e dança. Do palco, já tinha sido retirado a urna e o já ressuscitado morto, o qual levou passo apressado rumo ao bar da colectividade, onde, cheio de sede, pediu uma ‘fresquinha’ ao senhor Bento. O resto da festa ficou a cargo das viúvas Jujú, Jaquina, Micaela e Joaninha, que remataram a noite com um show de streap-tease.
Teodoro João

Enterro do Bacalhau

G. D. “Os Amarelos”

“Enterro do Bacalhau”

17 Fevereiro 2010 – 21H30

Apoios: Câmara Municipal de Setúbal, Divisão de Trânsito da PSP, Associação Socorros Mútuos Setubalense, Junta de Freguesia de São Sebastião, Agência Funerária Costa, Jornal “O Setubalense”, Rádio Voz de Setúbal, Fanfarra dos B. V. Setúbal e comércio local.

Programa de requalificação da Bela Vista

O programa de requalificação da Bela Vista, aprovado recentemente no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, vai criar “mais coesão social e melhores condições de vida” no bairro, aponta a presidente da Câmara Municipal de Setúbal.
A Presidente da Câmara, Dra. Maria das Dores Meira, diz que o RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente constitui, uma ferramenta essencial para “se dar um salto qualitativo no município”, acrescentando: “A Bela Vista é uma área que nos preocupa muito.”
O RUBE, liderado pela Autarquia, está interligado com outras acções, nomeadamente as intervenções previstas no âmbito do programa PROHABITA, desenvolvidas pela Câmara Municipal para reabilitar a Bela Vista.
O RUBE inclui, a remodelação e ampliação do Campo Municipal de Futebol da Bela Vista (o G. D. Os Amarelos é parceiro neste projecto).

A Direcção